Sunday, January 13, 2008

Suiça - dia 1

Não sei como começar e sou tentado a recorrer a um calendário porque a minha capacidade de localização temporal nunca foi das melhores. Começo por me localizar temporalmente porque sei que viemos para cá no dia da véspera de Natal, não que eu estivesse completamente ciente disso naquele dia, pois recordo-me do sentimento de estupefacção que me invadiu as entranhas quando a minha mãe me disse que logo que chegássemos à Suiça iríamos fazer a ceia que se antecipa à entrega das prendas. Nunca pensei, na altura, que já estivéssemos tão em cima do Natal.
Exacto, já se passaram quatro dias, é incrível como o tempo passa tão depressa, principalmente quando estiveste comigo.

Dia 1 (24/12/07)

A viagem no avião correu muito bem, aproveitei para dar umas tacadas no meu francês com uma hospedeira muito simpática da EasyJet, fiquei a saber que são eles que escolhem os seus próprios uniformes, achei engraçado. Sentei-me ao lado de um senhor de idade e uma senhora (sua esposa) também envelhecida que apresentava um problema estranho no lábio inferior. Conversei com o homem. Falamos sobre a vida, sobre o filho dele que ele ia visitar logo que chegasse à Suiça, sobre as montanhas cobertas pela neve que surgiam na janela do avião, sobre os meus pais, enfim. A sua mulher apresentava um problema de obesidade, o seu tamanho era tal que forçou a hospedeira simpática e um hospedeiro muito bem parecido a utilizarem dois cintos para a poderem envolver completamente para que esta ficasse em segurança.
Chegamos ao destino, o Paulo, o Maradona e o Tó Luís esperavam por nós. Fomos para o jipe do Paulo e dirigimo-nos a Lignon. O Tó Luís estava em pulgas como é costume e o pai dele ( o Maradona) não parava de o mandar estar quieto.
O Paulo e o Maradona moram nuns apartamentos muito conhecidos em Lignon, são conhecidos pelo seu tamanho pois apresentam cerca de 80 e tal blocos e estendem-se pelas ruas daquele lugar por cerca de 2 km. Muitos arquitectos vêm de todo o lado para ver aquela magnífica construção.
Quando chegamos estava o Pinto na entrada do bloco do Paulo à nossa espera cumprimentamo-lo com ternura. O Pinto teve um AVC à cerca de um ano talvez ( lá entra outra vez a minha localização temporal falaciosa lol), não teve grandes repercussões, só a sua fala e parte da sua força na mão direita fora afectada(diria que afectou-lhe o nervo facial correspondente à parte inferior da cara e um nervo do plexo braquial mas isso é irrelevante ^^). Um rapaz e um homem que eu não conhecia também estavam lá. Fiquei então a conhecer o irmão do Pinto, o Sr. Bernardino e um dos seus filhos, o Miguel. Não tomaram muito a minha atenção, de tal forma que não retive logo os nomes. E, sinceramente, até acho que não tinha dado conta à primeira que o Sr. Bernardino também era Pinto ( Pinto é um sobrenome como já devem ter dado conta).
Subimos todos no elevador e fomos até ao 8º andar onde mora o Paulo e a sua esposa Rosa. É um mulher muito prazenteira, com a mania das limpezas e temperamental (esta última característica acho que é mesmo frequente na família “come e dorme” da qual fazem parte a Rosa mulher do Paulo, a Nela mulher do Maradona e a Angelina mulher do Pinto)
Lá em cima estava tudo pronto para a ceia, a decoração estava tão estupenda quanto a limpeza daquela casa. Fiquei a conhecer a mulher do Sr. Bernardino, a Sra. Lídia. Também estavam lá a Sara e a Ana ambas filhas do Pinto e da Angelina, a Patrícia a única filha do Paulo e da Rosa, dois senhores que não conhecia, não me recordo muito bem dos nomes e mais tarde acabou por chegar um outro filho do Sr. Bernardino e da Sra. Lídia que se chama Daniel. No entanto eles têm um terceiro que não conheço pessoalmente mas que sei que ficou em Portugal.
A ceia foi agradável, tirando talvez uma ostra que fui forçado a comer por dizerem que era chique mas que afinal de contas tinha um sabor péssimo a vinagre e sal. Só uma coisa ficou-me realmente cravada na mente naquele jantar, uns magníficos e estupendos olhos esverdeados a contactarem com os meus e a invadirem o meu interior deixando-me sem folgo, sem jeito.
Não sei porquê mas fiquei e ainda hoje fico a pensar nisto.
O Sr. Bernardino a convidar-me repetidamente para ir dormir na casa dele, eu a rejeitar delicadamente, a minha mãe a contar-me que o Miguel ia ficar sozinho porque o irmão dele ia dormir com a namorada.

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